Fundador de Org tier 1 do LoL recebe acusações de abuso sexual de pro player e outras duas vítimas
O mundo dos esportes eletrônicos competitivos está vendo múltiplas acusações de má conduta sexual contra David “CarvinG” Primo, que continuam surgindo sem parar. David, cofundador da equipe de League of Legends Origen, agora se vê em apuros após o ex-jogador profissional Matúš “Neon” Jakubčík relatar experiências preocupantes durante seu tempo na Origen em 2017, levando outros sobreviventes a virem a público com testemunhos semelhantes. Esses novos relatos traçam um cenário perturbador de comportamento predatório voltado a menores de idade, sugerindo um padrão em vez de incidentes isolados. Provas, incluindo capturas de tela de conversas e testemunhos detalhados, foram analisadas e publicadas pelo Esports News UK, ampliando as preocupações em toda a indústria.
Quem é David Primo?
David Primo cofundou a Origen em 2014 ao lado do lendário jogador Enrique “xPeke” Cedeño Martínez. Como colaborador próximo e executivo atuante, Primo foi fundamental na ascensão da Origen à relevância internacional, especialmente durante a campanha até as semifinais do Campeonato Mundial de 2015. Sua influência se estendia profundamente na gestão da equipe e no recrutamento, dando-lhe autoridade sobre jovens aspirantes a jogadores profissionais — alguns dos quais eram adolescentes em busca de uma chance no cenário dos esports.
Após a aquisição da Origen pela RFRSH Entertainment e posterior rebranding para Astralis, Primo desapareceu do foco público, mas supostamente continuou mantendo conexões na cena.
Os esports, especialmente nos níveis mais altos de League of Legends, são estruturados em ligas regionais — como a LEC na Europa — onde as equipes competem por reconhecimento internacional e contratos lucrativos. O crescimento acelerado da indústria superou o desenvolvimento de padrões maduros de RH e protocolos de proteção.
Jogadores jovens, muitas vezes menores de idade, viajam com frequência, compartilham acomodações com funcionários e são lançados em um ecossistema altamente competitivo que depende das decisões de técnicos, executivos e donos de equipes. Esse ambiente pode fomentar desequilíbrios de poder não fiscalizados, expondo jogadores iniciantes à exploração por parte de quem detém autoridade sobre aspectos essenciais como contratos e oportunidades competitivas.
Legado e os primeiros sinais de alerta na Origen
Em seu auge, a Origen possuía um status icônico na League of Legends europeia, frequentemente disputando títulos e atraindo uma base de fãs dedicada. No entanto, as pressões da competição e os conflitos internos nunca estiveram muito longe da superfície. O relato de Neon colocou Primo no centro de um episódio perturbador — um membro mais velho da equipe supostamente fazendo propostas inapropriadas a um jogador de 18 anos enquanto compartilhavam acomodações durante o circuito europeu de esports. Após isso e com o surgimento de outras supostas vítimas, análises da comunidade e novas evidências passaram a apontar cada vez mais Primo como o autor do comportamento que Neon descreveu, mas não nomeou por motivos legais.
O caso de Primo destaca vulnerabilidades persistentes dentro do cenário profissional de games. Organizações de esports raramente enfrentam o mesmo nível de rigor que franquias de esportes tradicionais, com poucas regulamentações obrigatórias ou órgãos fiscalizadores independentes. Como resultado, condutas impróprias podem passar despercebidas — amparadas por mudanças organizacionais rápidas, operações internacionais e, em alguns casos, a ausência de protocolos de proteção. Processos de alto perfil, como o acordo judicial de US$ 100 milhões da Riot Games em 2021 por discriminação de gênero, vieram à tona nos últimos anos, mas ainda há lacunas significativas na proteção de jogadores jovens, especialmente no nível executivo e gerencial.
Os outros dois casos após a acusação de Neon
Após o relato público de Matúš “Neon” Jakubčík sobre avanços inapropriados durante seu tempo na Origen, outras duas pessoas também compartilharam histórias inquietantes envolvendo David Primo. O primeiro desses novos testemunhos, feito por uma mulher que tinha 17 anos na época, descreveu o recebimento de mensagens sexualmente explícitas via mensagens diretas do X (antigo Twitter) em 2017. Apesar de ter informado que era menor de idade, Primo supostamente persistiu, chegando até a tentar marcar um encontro presencial. Capturas de tela dessas conversas, fornecidas ao Esports News UK, reforçaram seu relato e expuseram o esforço contínuo de Primo em manter contato, incluindo o uso de contas alternativas "smurf" para evitar bloqueios e detecção por terceiros.
Uma segunda acusadora, que tinha 16 anos no momento da interação em 2019, relatou um padrão contínuo de aliciamento online conduzido por Primo via WhatsApp. Ela contou como Primo iniciou conversas com perguntas pessoais inapropriadas e comentários com conotação sexual, demonstrando tanto um desrespeito por limites quanto uma consciência perturbadora de sua conduta anterior — supostamente fazendo referência à experiência de Neon durante as conversas. Esse relato foi corroborado por capturas de tela do WhatsApp verificadas de forma independente pelo Esports News UK, solidificando ainda mais as preocupações com um padrão mais amplo e perturbador de comportamento predatório que se estende por vários anos e vítimas.
Um apelo por reformas
Dos testemunhos contra Primo surge um apelo claro por mudanças sistêmicas. A indústria dos esports enfrenta uma pressão urgente para introduzir padrões abrangentes de proteção, verificações obrigatórias de antecedentes e mecanismos confidenciais de denúncia. Existe um consenso crescente de que, assim como nos esportes tradicionais, a confiança no futuro dos jogos competitivos depende de se priorizar a segurança e a dignidade de seus participantes mais jovens e vulneráveis. À medida que novas vozes se juntam àquelas que já se manifestaram, a esperança é que a coragem dos sobreviventes catalise reformas há muito atrasadas, garantindo que nenhum executivo ou membro da equipe possa explorar sua posição impunemente.
Importante: Se você foi vítima ou presenciou má conduta em comunidades de esports ou gaming, saiba que há suporte disponível. Organizações como a The Survivors Trust oferecem assistência confidencial para quem foi afetado por abuso, assédio ou comportamento inadequado. Denunciar sua experiência, seja diretamente às autoridades, por meio de organizações de apoio ou canais independentes dentro da indústria de esports, pode ajudar a proteger outras pessoas e contribuir com os esforços em prol de um ambiente competitivo mais seguro. Ninguém deveria enfrentar essas situações sozinho, e procurar ajuda pode ser o primeiro passo rumo ao apoio pessoal e à mudança significativa.
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Créditos da imagem em destaque: Origen
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