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A polêmica expulsão da Movistar KOI do VCT EMEA: Decisão Justificada da Riot ou Pretexo para Trazer a Gentle Mates de Volta?

A polêmica expulsão da Movistar KOI do VCT EMEA: Decisão Justificada da Riot ou Pretexo para Trazer a Gentle Mates de Volta?

8 Sep
Andre Guaraldo

A expulsão da Movistar KOI do VCT EMEA provocou uma das maiores controvérsias do cenário competitivo de VALORANT. Anunciada há pouco dias atrás, a rescisão do contrato de parceria trouxe à tona questões sobre transparência, gestão organizacional e o verdadeiro peso da influência na economia dos esports.

As Razões Oficiais da Expulsão da Movistar KOI

A Riot Games fundamentou sua decisão em "violação do acordo contratual" da organização. Especificamente, a empresa acusou a Movistar KOI de não cumprir cláusulas relacionadas ao co-streaming, uma obrigação única da organização espanhola dentro da estrutura de parcerias do VCT EMEA.

A questão central girava em torno da exigência de que Ibai Llanos, co-fundador da KOI e um dos maiores streamers da Espanha, mantivesse sua participação como principal figura de transmissão das partidas. Quando Ibai se afastou das transmissões regulares por questões de saúde mental, a organização substituiu-o por Sergio Ferra, mas a Riot considerou isso insuficiente para cumprir os termos contratuais.

Segundo fontes próximas ao caso, a Riot havia sinalizado essas deficiências "várias vezes" ao longo da temporada de 2024. A empresa emitiu seu primeiro aviso formal em janeiro de 2025, seguido por uma reunião presencial em maio com Fernando Piquer, diretor de estratégia da OverActive Media, empresa controladora da KOI. Nesse encontro, Piquer teria apresentado os projetos implementados pela organização para resolver a situação.

A Versão da KOI: Decisão Abrupta e Sem Aviso

O relato da organização pinta um cenário completamente diferente. Em vídeo de dez minutos publicado após o anúncio, Ibai Llanos expressou sua frustração com a forma como a decisão foi comunicada. Segundo ele, a KOI foi convocada para uma "reunião urgente" na sexta-feira, 5 de setembro, onde foi informada da rescisão contratual.

"Ontem a Riot nos enviou um e-mail [...] Essa reunião urgente foi para nos dizer que estávamos fora da liga. Assim, sem aviso prévio"

Ele também afirmou que ofereceu soluções, incluindo seu comprometimento pessoal com as transmissões e o fortalecimento do projeto competitivo e comercial, mas que a Riot rejeitou todas as propostas.

A organização contestou ainda o prazo dado pela Riot. A decisão foi comunicada na sexta-feira com anúncio público programado para sábado, deixando pouco tempo para a KOI preparar uma resposta adequada. Jogadores e o recém-contratado técnico Kirian "Yaba" Martínez foram notificados apenas trinta minutos antes do anúncio público.

Problemas Estruturais e Administrativos

A situação da KOI foi complicada pela fusão com Movistar Riders e MAD Lions em janeiro de 2024. Essa operação, conduzida pela OverActive Media, criou atrasos administrativos significativos que prejudicaram o cumprimento das obrigações contratuais.

A fusão trouxe mudanças na estrutura de comando, com Fernando Piquer e Carlos García-Acevedo, ex-CEOs da Movistar Riders, assumindo posições de liderança na OverActive como Diretor de Estratégia e Diretor Comercial, respectivamente. Essas alterações organizacionais coincidiram com o período em que a Riot começou a levantar preocupações sobre o desempenho contratual da KOI.

Além das questões contratuais, a organização enfrentou alegações sérias de má gestão em maio de 2025. O clube de fãs Las Karpas denunciou situações "completamente inaceitáveis" na casa de jogadores do time de League of Legends, incluindo negligência médica, problemas com alimentação e questões salariais. Essas alegações levaram Adam Adamou, CEO da OverActive Media, a prometer investigações e "decisões difíceis".

O Contexto Comercial

O desempenho competitivo da KOI no VCT EMEA foi consistentemente decepcionante. Em três anos de participação, a equipe nunca conseguiu sair da fase de grupos, terminando a temporada de 2025 com apenas duas vitórias. Essa performance colocou a organização entre as piores do torneio, acima apenas das rebaixadas Apeks e Gentle Mates.

No aspecto comercial, as vendas de skins também foram problemáticas. Ibai admitiu que a KOI era a organização com piores vendas de cápsulas no VCT EMEA. Paradoxalmente, dados anteriores indicavam que a KOI havia sido a quarta colocada em vendas de bundles em 2024, sugerindo uma queda significativa no desempenho comercial em 2025.

Especulações sobre a Gentle Mates

Uma das alegações mais controversas feitas por Ibai foi a sugestão de que a expulsão da KOI estaria relacionada ao desejo da Riot de reintegrar a Gentle Mates ao VCT EMEA. A equipe francesa havia sido rebaixada anteriormente e, segundo dados divulgados, era a terceira colocada em vendas de cápsulas na região.

"Tenho a sensação de que a Riot queria trazer a Gentle Mates de volta à liga, e nós éramos um alvo conveniente"

Essa declaração de Ibai ganhou força na comunidade, especialmente considerando o timing da decisão logo após o rebaixamento da equipe francesa.

A especulação sugere que a Riot utilizou as violações contratuais da KOI como pretexto para liberar uma vaga que seria preenchida pela Gentle Mates, uma organização com melhor desempenho comercial e maior relevância no mercado francês. Contudo, a Riot não confirmou oficialmente qual organização ocupará a vaga deixada pela KOI.

Impactos na Estrutura da KOI

A expulsão forçou uma reestruturação completa dos planos da organização para 2026. A KOI havia contratado Yaba, técnico que se destacara no circuito Challengers, e iniciado conversas com mais de 50 jogadores para formar um novo elenco. Com a rescisão, todos esses acordos perderam validade.

Os jogadores Ondřej "MONSTEERR" Petrů, Harry "Gorilla" Mepham e Dom "soulcas" Sulcas foram declarados agentes livres imediatamente após o anúncio. A Riot exigiu que a KOI liberasse todos os atletas incondicionalmente, impedindo até mesmo transferências para a equipe academy da organização.

A KOI Fénix, equipe academy que compete no VCL Spain, permanece ativa e não foi afetada pela decisão. A organização mantém direitos de participar em outras competições da Riot Games, limitando o impacto da expulsão exclusivamente ao VCT EMEA.

Reflexões sobre a Expulsão da Movistar KOI

O caso da KOI expõe a natureza das parcerias no sistema VCT, onde as organizações operam dentro de parâmetros definidos unilateralmente pela Riot Games. O modelo de franchising confere à empresa controle absoluto sobre quais organizações permanecem na liga, independentemente de investimentos ou compromissos de longo prazo.

A situação também revela as complexidades das obrigações contratuais no esports moderno. A cláusula de co-streaming exclusiva da KOI demonstra como acordos personalizados podem criar vulnerabilidades específicas, especialmente quando dependem de indivíduos em vez de estruturas organizacionais.

Para outras organizações parceiras, o caso serve como alerta sobre a importância do cumprimento rigoroso dos termos contratuais e da manutenção de comunicação transparente com a Riot. A rapidez da decisão e a recusa em aceitar propostas de correção sugerem que a empresa priorizou a certeza jurídica sobre a flexibilidade comercial.

Perspectivas Futuras

A expulsão da Movistar KOI traz o desafio de reconstruir sua presença no VALORANT através do sistema Ascension. Com a equipe academy ainda ativa, a organização mantém uma base para desenvolvimento de talentos, mas perdeu anos de investimento na construção de uma marca no mais alto nível competitivo.

Para o VCT EMEA, a saída da KOI representa a perda de uma das organizações com maior alcance no mercado espanhol, apesar dos problemas de performance. A decisão da Riot de priorizar aspectos contratuais sobre o valor de marca pode indicar uma mudança na filosofia de gestão das parcerias, com maior rigor na aplicação de penalidades.

O timing da decisão, coincidindo com o rebaixamento da Gentle Mates e a proximidade da temporada 2026, levanta questões sobre se fatores externos influenciaram a severidade da punição aplicada à KOI. Independentemente das motivações, o caso estabelece um precedente claro sobre as consequências do descumprimento contratual no sistema de franquias do VALORANT.

A controvérsia da KOI ilustra a tensão inerente entre os aspectos comerciais e esportivos dos esports modernos, onde o sucesso competitivo nem sempre garante a continuidade organizacional. Para o futuro do VCT, representa um teste da capacidade da Riot de manter o equilíbrio entre rigor contratual e sustentabilidade do ecossistema competitivo.

Créditos da imagem em destaque: Movistar KOI

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