Escândalo de manipulação de jogos no Counter-Strike Chinês surge após denúncia online

4 Sep

Andre Guaraldo

O pro player chinês de CS2, Xu "somebody" Haowen, está enfrentando graves acusações de manipulação de jogos, com denúncias detalhadas destacando seu envolvimento em uma extensa rede organizada de trapaças. O escândalo implica grandes equipes chinesas, indivíduos notórios e até jogadores internacionais.

Somebody é acusado de atuar como vice-líder de uma rede de manipulação de jogos orquestrada por seu primo, Chen Peng (“Mr. C”). Mr. C supostamente controla equipes importantes como Wings Up e ATOX, agindo como o principal organizador, enquanto somebody executa os esquemas de trapaça como seu braço direito de confiança.

Estrutura da Rede e Métodos

Vazamentos recentes revelam que Mr. C usou sua influência para manipular partidas de várias equipes, com somebody facilitando o lado técnico, muitas vezes através dos cheats conhecidos como "soft router". O próprio Mr. C chegou a admitir o uso desses roteadores “há muitos anos”, levantando dúvidas sobre se todas as suas equipes associadas se beneficiaram de esquemas semelhantes.
A dupla supostamente oferecia incentivos para que jogadores entregassem partidas, incluindo uma abordagem feita ao ex-jogador da Falcons, BOROS, durante uma partida para manipular um jogo a favor da Rare Atom – pedido que BOROS não apenas recusou, mas também denunciou com provas gravadas.

"Quando eu estava na China, Somebody e seus amigos me pediram para manipular partidas. Eu recusei e essas pessoas precisam ser banidas do esports..."

Ele agradeceu à sua equipe atual, Jijiehao, por ajudá-lo a sair da situação, pedindo sanções severas e enfatizando a necessidade de proteger a integridade competitiva em nível mundial.

Manipulação de Alto Nível e Repercussões Internacionais

As investigações sugerem que a operação de manipulação de jogos foi além dos torneios domésticos, alcançando competições internacionais, incluindo o RMR Closed Qualifier do Major de Xangai 2024. Logs de conversas e gravações indicam que um intermediário, conhecido como “DD”, tentou conter os vazamentos promovendo conversas privadas, mas esses esforços acabaram se voltando contra ele.

Mr. C teria suplicado para que insiders não expusessem somebody, enfatizando seu papel central na rede. Surgiram evidências de que outra equipe ligada a Mr. C, a DogEvil (que na época atuava sob o nome CatEvil), trapaceou nas qualificatórias online, derrubando a TYLOO para a chave inferior, o que indiretamente levou Yang "JamYoung" Yi a deixar o cenário de CS2 para migrar ao VALORANT.

Relatos também indicam que Mr. C movimentava enormes quantias financeiras via Alipay, já que a manipulação estava diretamente ligada a sindicatos de apostas atuando tanto na China quanto internacionalmente. As irregularidades na ATOX, organizadas sob a liderança de Mr. C, foram confirmadas por banimentos da ESIC e associadas a grupos de crime organizado chinês, validando meses de suspeitas da comunidade.

Enquanto isso, o whistleblower ShukeBai desafiou a Rare Atom a esclarecer publicamente se houve manipulação durante a passagem de somebody na equipe. Há indícios de que as vitórias da RA sobre a TYLOO nos mesmos Qualificatórios RMR possam ter envolvido uso de roteadores adulterados. As autoridades agora planejam investigar transações financeiras vinculadas a esses eventos e também pretendem convocar Mr. C para depoimento.

Impacto Mais Amplo e Apoio da Comunidade

Este escândalo expõe uma corrupção sistêmica no CS2 chinês, com Mr. C e somebody identificados como apenas dois dos principais líderes da rede, mas com muitas equipes e indivíduos sob investigação.

De forma importante, os delatores pedem apoio aos jogadores da TYLOO, destacando sua integridade individual apesar do ambiente tóxico. O caso surge como um alerta grave para a indústria global de esports sobre a importância de verificações rigorosas de integridade.

Em suma, com o crescente conjunto de evidências, conversas gravadas e testemunhos de impacto, o destino de Xu "somebody" Haowen e seus colaboradores permanece em jogo. A investigação continua, enquanto autoridades, equipes e a comunidade buscam responsabilidade, transparência e um cenário competitivo mais limpo e seguro para o Counter-Strike na China e além.

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Fonte da Imagem em Destaque: Sebastian Pandelache/PGL