CEO da G2 Esports culpa m0NESY por fracasso da lineup de Counter-Strike
A recente entrevista do CEO da G2 Esports, Alban “Stilgar” Dechelotte, no programa HLTV Confirmed, causou grande repercussão ao expor os bastidores da crise que levou ao fim da lineup estrelada por NiKo e m0NESY no Counter-Strike. Em vez de assumir as falhas de gestão que culminaram na debandada dos principais jogadores, Dechelotte optou por direcionar parte da responsabilidade para o jovem AWPer m0NESY, de apenas 19 anos.
Da autocrítica à transferência de culpa na G2
Durante a entrevista, Dechelotte afirmou que m0NESY “não se comprometeu em ajudar a construir um elenco ao seu redor” e que “não foi claro sobre o tipo de staff e companheiros que desejava”. O CEO chegou a comparar m0NESY de forma desfavorável ao astro da Vitality, ZywOo, sugerindo que o russo deveria ter assumido uma postura mais ativa na montagem do time, assim como o francês fez ao recrutar ropz para sua equipe.
A expectativa de que um jogador tão jovem, sob intensa pressão e alvo constante de propostas de outras organizações, assumisse o papel estratégico e de liderança dentro da G2 foi amplamente criticada pela comunidade. m0NESY não era capitão, nem gerente geral; era apenas o AWPer titular, contratado para decidir partidas, não para gerir crises internas ou definir o futuro da organização.
Instabilidade interna e decisões questionáveis
A crise da G2 começou a se desenhar ainda em 2023, mesmo após títulos importantes como IEM Katowice e IEM Cologne. NiKo já negociava secretamente com a Falcons, enquanto m0NESY, cansado da instabilidade e atraído por propostas de equipes russas, já cogitava sair caso NiKo deixasse o projeto. O terceiro pilar, huNter-, também tinha planos de transferência.
A diretoria, porém, focou em mudanças periféricas, como a saída de jks e HooXi, ignorando que o verdadeiro problema estava na base do elenco. Quando finalmente perceberam a gravidade da situação, já era tarde: NiKo partiu para a Falcons, m0NESY foi vendido antes do fim do contrato para evitar perdê-lo de graça, e huNter- também deixou o time.
Venda de m0NESY: salvar as finanças ou o projeto G2?
Dechelotte justificou a venda de m0NESY como uma medida preventiva, temendo perder o jogador sem retorno financeiro ao fim do contrato. Organizações como Team Spirit e Virtus.pro demonstravam interesse, e a G2 preferiu negociar com a Falcons antes do término do vínculo. Apesar do discurso de que “não foi por dinheiro”, a decisão evidenciou uma postura mais voltada à proteção dos ativos do que à reconstrução esportiva.
Falta de autocrítica e liderança vacilante
Ao longo da entrevista, o CEO da G2 defendeu membros da gestão, como o general manager Petar "peca" Marković e o técnico Wiktor "TaZ" Wojtas, mesmo diante de críticas internas e externas. Em vez de reconhecer os erros de planejamento e comunicação, Stilgar insistiu que as decisões foram “racionais” e “coletivas”, minimizando o impacto da desorganização e da falta de visão estratégica.
A narrativa oficial acabou por responsabilizar jogadores - NiKo por negociar nas sombras, m0NESY por indecisão e huNter- por querer sair - sem considerar o quanto o ambiente interno contribuiu para a debandada. A contratação de TaZ, por exemplo, foi feita ignorando sugestões do próprio elenco, privilegiando interesses da administração.
O peso injusto sobre m0NESY
A tentativa de transferir a culpa do fracasso para m0NESY foi vista como uma estratégia de relações públicas para desviar o foco dos verdadeiros problemas da organização. Esperar que um jovem de 19 anos, recém-promovido ao estrelato, liderasse a reconstrução de um projeto em crise é, no mínimo, uma distorção de responsabilidades.
O fracasso da G2 não foi causado pela falta de comprometimento de m0NESY, mas sim por uma liderança desorganizada, reativa e mais preocupada com a imagem do que com o futuro esportivo. A saída das duas maiores estrelas do time é consequência direta de uma gestão que perdeu o controle do vestiário e não soube criar um ambiente propício para a permanência de seus talentos.
Quem foi o real responsável?
A crise da G2 Esports evidencia como decisões de liderança equivocadas e uma cultura interna desorganizada podem comprometer até os projetos mais promissores do cenário competitivo. Ao transferir a responsabilidade do fracasso para m0NESY, um jovem de apenas 19 anos que nunca ocupou funções de capitão ou gestor, a diretoria da organização deixou de reconhecer seus próprios erros estratégicos e de comunicação. O CEO, ao invés de assumir a responsabilidade pela perda de seus principais talentos, preferiu apontar a suposta falta de protagonismo do jogador, ignorando o contexto de instabilidade, assédio de outras equipes e a ausência de um ambiente propício para o desenvolvimento de um novo ciclo vencedor.
No fim, a saída de m0NESY e NiKo não foi apenas resultado de propostas externas ou indecisão dos atletas, mas sim de uma sucessão de falhas administrativas e de uma condução reativa dos problemas internos. A G2 optou por vender seu maior ativo para evitar prejuízos financeiros, priorizando o curto prazo em detrimento de um projeto esportivo sustentável. O episódio serve de alerta para o cenário de esports: sem liderança clara, planejamento de longo prazo e apoio real aos jogadores, até mesmo as organizações mais tradicionais ficam vulneráveis à perda de seus pilares e a um ciclo de instabilidade difícil de reverter.