Corinthians Esports abre live para tranquilizar fãs e tiro sai pela culatra
A transmissão ao vivo dos Esports do Corinthians em 21 de maio de 2025 – planejada para responder à crescente preocupação dos torcedores – se transformou em um espetáculo de conflitos descontrolados, revelações financeiras e confrontos públicos. Com mais de duas horas de duração, o evento expôs falhas organizacionais sistêmicas, práticas financeiras contestadas e disputas trabalhistas não resolvidas. Abaixo está uma reconstrução cronológica dos principais momentos, debates e controvérsias que definiram esse momento decisivo para a organização, enriquecida com citações diretas e análise contextual para iluminar a profundidade da crise.
Desorganização desde o começo
A transmissão começou com o apresentador Mateus e o membro da equipe Fixa pedindo desculpas pelo atraso do presidente Milson Januario. Durante esse intervalo de 6 minutos, Mateus tentou abordar preventivamente tópicos menores, incluindo preparativos para a Esports World Cup (EWC) e a próxima viagem de Vicoria Bispo à Rússia para um campeonato mundial. A falta de preparo deu o tom para o caos que se seguiria.
Transparência financeira, ou a falta dela
Milson revelou que a organização opera com um déficit mensal de R$1 milhão, com custos fixos cobrindo salários de jogadores, viagens, infraestrutura e acomodações. A receita de patrocínios e torneios é insuficiente, forçando a dependência de investimentos de alto risco. Ele reconheceu parcerias seletivas, recusando acordos com plataformas de apostas como o “tigrinho” por questões éticas:
“Temos questões contratuais e respeitamos contratos... não vamos divulgar nada que não acreditamos ser bom para a sociedade”
Uma bomba surgiu: R$200.000 em prêmios foram desviados – uma revelação que Milson afirmou ser recente e estar sob investigação. Essa admissão levantou dúvidas imediatas sobre a fiscalização:
“Fomos vítimas de pessoas inescrupulosas que desviaram prêmios... estamos tomando providências”

O escândalo do torneio National Free Fire explode
O primeiro grande conflito da transmissão surgiu sobre o gerenciamento dos R$4.000 fornecidos pela National Free Fire Association (NFA) para despesas dos jogadores durante um torneio em Brasília. Milson afirmou que o custo total para enviar a equipe foi de R$30.000, com a NFA cobrindo apenas uma fração. Ele defendeu a decisão de colocar o analista John para gerenciar os fundos, fornecendo aos jogadores R$80 diários para alimentação e reembolsando o transporte.
Essa narrativa desmoronou quando o jornalista Gustavo Coga entrou, citando a investigação do representante da NFA Bernardo Assad:
“No terceiro dia, cada jogador recebeu apenas R$120 no total — não os R$80 prometidos por dia... os reembolsos de transporte só foram feitos após intervenção da NFA”
Milson e a gerente Victoria insistiram que os fundos foram alocados na conta de John para “gastos controlados”. Bernardo rebateu dizendo que isso foi um “grave erro de staff”, exigindo responsabilização:
“Não é uma acusação de roubo, mas houve uma falha grave em priorizar o bem-estar dos jogadores”.
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O confronto explosivo de Luan Marinho
O ex-funcionário Luan Marinho entrou na transmissão, alegando salários não pagos de 2023 por organizar eventos comunitários e criar conteúdo. Ele afirmou:
“Trabalhei nove meses sem receber... tentei resolver sem confronto, mas fui ignorado”
Milson respondeu lendo mensagens privadas, sugerindo que Luan havia sido desonesto:
“Você veio até mim dizendo que queria colaborar, mas depois cobrou R$12.000... isso é chantagem”
A troca ficou cada vez mais tensa, com Luan acusando Milson de espalhar mentiras:
“Você distorceu minhas palavras ao vivo... nunca fui chantagista”
Milson ameaçou ação judicial por “calúnia, injúria e difamação”...
O debate com a NFA reaquece
Bernardo (representante da NFA) entrou na chamada, elevando as tensões. Ele apresentou provas que contradiziam as alegações do Corinthians:
“Os R$4.000 eram para seis pessoas, não dez... no terceiro dia, os jogadores tinham recebido apenas R$120”
Victoria admitiu ter aumentado o auxílio-alimentação de R$60 para R$80 após reclamações, mas culpou a falta de comunicação:
“Aumentamos o voucher após as reclamações... mas John não tinha experiência logística”
Bernardo rejeitou a justificativa, destacando que o erro foi causado pela falta de transparência:
“Se tivessem admitido o erro e pedido desculpas, nada disso teria acontecido”
Atrasos salariais e encerramento defensivo
Coga trouxe à tona relatos de salários atrasados para o time de Valorant do Corinthians (rumores indicam que ambas as equipes estão há dois meses sem receber). Milson respondeu vagamente:
“Contratos precisam ser cumpridos... se os pagamentos não foram feitos hoje, está atrasado”
Victoria fez um pedido de desculpas tímido:
“Lamento profundamente... essas controvérsias públicas prejudicam a imagem da equipe”
Milson encerrou de forma defensiva, admitindo sua inexperiência, mas defendendo sua visão:
“Sou amador, sim, mas sou apaixonado... isso não me desqualifica”
Uma instituição fragmentada
O que começou como uma tentativa de transparência revelou uma organização enfrentando problemas fundamentais:
- Gestão financeira precária: O déficit mensal de R$1 milhão e o desvio de prêmios expuseram a falta de fiscalização. Como Milson admitiu: “O modelo de negócios assume risco... as receitas são incertas”
- Amadorismo operacional: A polêmica com a NFA evidenciou planejamento logístico deficiente. A crítica de Bernardo foi incisiva: “Colocar um analista inexperiente para gerenciar fundos foi um erro gravíssimo”
- Disputas trabalhistas: O caso de Luan exemplificou a negligência contratual generalizada. Seu apelo emocionado – “Só queria receber pelo trabalho feito” – contrastou com as ameaças legais de Milson.
- Defensividade da liderança: Em vez de reconhecer erros, a gestão desviou a culpa. O pedido de desculpas de Victoria – “Isso dói nos torcedores que apoiaram nossa recuperação” – soou vazio após horas de evasivas.
Posicionamento oficial: promessa de reforma
Em 22 de maio de 2025, o Corinthians Esports divulgou uma nota formal sobre as consequências da transmissão:
“Os inúmeros comentários recebidos após a transmissão nos levaram a refletir com responsabilidade... Pedimos sinceras desculpas a todos pela situação.”
A nota de 342 palavras adotou um tom conciliador, marcando o primeiro reconhecimento da organização sobre falhas sistêmicas de comunicação:
- Responsabilização: Admitindo responsabilidade por criar “margem de interpretação”, a nota divergiu da postura defensiva de Milson durante a live.
- Reformas estruturais: Prometendo “revisar processos e evoluir”, sugeriu mudanças operacionais sem detalhar prazos.
- Engajamento com fãs: Destacando a necessidade de “melhorar a comunicação com torcedores, jogadores e parceiros”, a mensagem colocou a transparência como prioridade renovada.
Crucialmente, o pedido de desculpas foi além das polêmicas NFA e Luan, abordando questões mais amplas de governança: “A paixão que move o Corinthians Esports é a mesma que nos faz buscar excelência e respeito em cada ação”. Essa mudança retórica, de justificar tudo pela “paixão” durante a transmissão para apresentá-la como motor de responsabilidade, sugere um acerto de contas interno.
O fiasco da transparência expõe falhas sistêmicas
A transmissão de duas horas que pretendia esclarecer as operações dos Esports do Corinthians acabou revelando uma cascata de crises institucionais. O presidente Milson Januario tentou responder às preocupações dos torcedores, mas a transmissão se dissolveu em confrontos acalorados sobre má gestão financeira, incluindo um déficit mensal de R$1 milhão e R$200.000 em prêmios desviados. Os momentos mais contundentes envolveram um ex-funcionário alegando salários não pagos e representantes da NFA desmentindo informações sobre os auxílios aos jogadores em um torneio.
Apesar de a organização ter publicado um pedido público de desculpas reconhecendo falhas de comunicação, a nota evitou detalhes concretos — não abordando atrasos salariais, disputas trabalhistas ou responsabilização por irregularidades financeiras. O episódio revelou uma organização que prioriza o sucesso competitivo em detrimento da transparência operacional, minando a confiança dos torcedores e destacando problemas sistêmicos que afetam clubes de futebol em suas incursões nos esports.
Créditos da imagem de destaque: Corinthians Esports
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