Astini no Prêmio eSports Brasil: Reconhecimento Tardio, Mas Merecido
Filipe "Astini" Ribeiro é um dos grandes alicerces do Dota 2 brasileiro e depois de um argumento irrefutável de Felipe "NS-ART" Costa, ele finalmente foi indicado como candidato a melhor técnico no Prêmio eSports Brasil. NS-ART, em um gráfico bem detalhado, mostrou a diferença entre Astini e os demais indicados, demonstrando o absurdo que seria não colocá-lo no páreo.
Ao mesmo tempo, o público de Dota 2 no Brasil já está acostumado com o desprezo implícito ao jogo. Por aqui, Counter-Strike se consolidou como o verdadeiro esporte eletrônico nacional, enquanto League of Legends conquistou o espaço do MOBA mais popular. Já o Dota 2, mesmo entregando resultados internacionais expressivos, continua sendo alvo da mesma crítica repetida há quase uma década em fóruns como o Reddit: "o Dota está morrendo".
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Astini no Prêmio eSports Brasil: Coberto de Razão
Toda essa história começou quando NS-ART publicou um gráfico e uma sequência de tweets evidenciando os resultados de Astini para a organização do Prêmio eSports Brasil. Ele participou de mais campeonatos, venceu mais títulos e gerou mais retorno financeiro do que todos os outros indicados na categoria de melhor técnico.

Apesar disso, inicialmente, Astini sequer constava na lista oficial. E isso mesmo depois de ter conquistado o terceiro lugar tanto na Copa do Mundo de eSports quanto no International 2025, os dois maiores torneios de Dota 2 do planeta. Um cenário impensável para uma premiação que se apresenta como a maior da América Latina.
Após a defesa impecável de NS-ART, o próprio Astini se manifestou. Em seu estilo direto e incisivo, destacou que, se ele mesmo levantasse a questão, seria rapidamente taxado de alguém irrelevante apenas reclamando. Foi necessária a mobilização de outro nome forte da cena para que a incoerência fosse exposta de forma incontestável.
Vale lembrar que o Brasil tem histórico de só valorizar resultados quando há vitória. Foi assim na Fórmula 1 com Ayrton Senna, no tênis com Gustavo Kuerten e recentemente no tênis de mesa com Hugo Calderano. Mas, por algum motivo, o mesmo padrão não parece se aplicar ao Dota 2 e nem ao trabalho de Filipe Astini.
Quando a Rivalidade Afeta a Objetividade
Mesmo com resultados inegáveis, algo ainda mais forte que a razão se impõe: a rivalidade entre os jogos. O League of Legends, no Brasil, se consolidou como o MOBA dominante, enquanto o Dota 2 é frequentemente visto como uma opção de nicho e criticado como irrelevante.

De um lado, o LoL traz uma base massiva de jogadores, grande popularidade, patrocínios e visibilidade midiática. Do outro, o Dota 2 entrega resultados internacionais consistentes, especialmente com jogadores brasileiros que chegaram ao Top 5 do International 2025.
Astini, sozinho, alcançou o terceiro lugar nos dois maiores campeonatos do cenário mundial de Dota 2 no mesmo ano. Ainda assim, tais conquistas não foram vistas como dignas de atenção pela maior parte da comunidade nacional de eSports.

Essa disparidade também aparece no aspecto financeiro. A menor premiação conquistada pela equipe de Astini se aproxima dos ganhos de treinadores de jogos mais populares no Brasil, como Valorant, reforçando ainda mais a impressão da falta de reconhecimento proporcional ao esforço.
O Contexto Histórico: LoL x Dota 2
Depois que IceFrog e Pendragon seguiram caminhos diferentes, ficou claro que Dota 2 e League of Legends seriam obras destinadas à rivalidade. Hoje, os dois jogos se tornaram praticamente irreconciliáveis em estilo, público e comunidade.

No Brasil, essa rivalidade ganhou contornos de “futebol”: torcidas apaixonadas e discussões polarizadas. A maioria dos profissionais da indústria de eventos optou por ignorar o Dota 2, mesmo quando o jogo oferece conquistas internacionais mais expressivas do que seu concorrente direto.
O Prêmio eSports Brasil e a Inclusão Tardia
Na votação do Prêmio eSports Brasil, a categoria de melhor técnico, por exemplo, não estava disponível para votação pública no momento da produção deste artigo, provavelmente sendo restrita ao júri.

Por outro lado, alguns jogadores de Dota 2 conseguiram espaço. João Gabriel "4nalog" Giannini foi indicado como Craque Betano e também apareceu ao lado de Matheus "KJ" Santos na categoria de melhores atletas em outros eSports.
O Futuro: Caminho Próprio Para o Dota 2 no Brasil
O caso expõe uma realidade dura: se o Dota 2 quiser ganhar espaço no Brasil, precisará construir seu próprio caminho. Conquistas internacionais como as de Astini não são suficientes para quebrar o monopólio de atenção do LoL e do CS.

Astini, agora oficialmente indicado no Prêmio eSports Brasil, segue como uma das vozes mais importantes da comunidade. Ele e NS-ART continuarão fortalecendo a in-house da Midas e incentivando novos talentos. Quem sabe, em um futuro próximo, os dois conseguem montar e manter uma equipe 100% brasileira no cenário profissional internacional.
Encerrando o Assunto
A indicação de Astini ao Prêmio eSports Brasil é mais do que merecida. Ela representa não apenas a luta de um treinador por reconhecimento, mas também a resistência de toda a comunidade brasileira de Dota 2 contra a invisibilidade.
Enquanto o cenário nacional insiste em só olhar para outras modalidades, Astini continua conquistando resultados de peso. E independentemente de prêmios, o Dota 2 segue sendo muito maior do que o espaço que lhe dão no Brasil.
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Imagem da Capa: Eric de Oliveira

