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Astini no Prêmio eSports Brasil: Reconhecimento Tardio, Mas Merecido

Astini no Prêmio eSports Brasil: Reconhecimento Tardio, Mas Merecido

26 Sep
Eric Oliveira

Filipe "Astini" Ribeiro é um dos grandes alicerces do Dota 2 brasileiro e depois de um argumento irrefutável de Felipe "NS-ART" Costa, ele finalmente foi indicado como candidato a melhor técnico no Prêmio eSports Brasil. NS-ART, em um gráfico bem detalhado, mostrou a diferença entre Astini e os demais indicados, demonstrando o absurdo que seria não colocá-lo no páreo.

Ao mesmo tempo, o público de Dota 2 no Brasil já está acostumado com o desprezo implícito ao jogo. Por aqui, Counter-Strike se consolidou como o verdadeiro esporte eletrônico nacional, enquanto League of Legends conquistou o espaço do MOBA mais popular. Já o Dota 2, mesmo entregando resultados internacionais expressivos, continua sendo alvo da mesma crítica repetida há quase uma década em fóruns como o Reddit: "o Dota está morrendo".

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Astini está no Prêmio eSports Brasil, ou assim foi dito, mas aparentemente nada foi feito.
Ter que brigar por uma vaga sendo quem mais entregou resultado é algo difícil de explicar. — Imagem: Twitter (@premioesportsbr)

 

Astini no Prêmio eSports Brasil: Coberto de Razão

Toda essa história começou quando NS-ART publicou um gráfico e uma sequência de tweets evidenciando os resultados de Astini para a organização do Prêmio eSports Brasil. Ele participou de mais campeonatos, venceu mais títulos e gerou mais retorno financeiro do que todos os outros indicados na categoria de melhor técnico.

Comparativo do desempenho de Astini em relação aos outros indicados do Prêmio eSports Brasil.
Não é possível olhar esses números sem pensar que Dota não vale nada no Brasil. — Imagem: Twitter (@ns4rt)

Apesar disso, inicialmente, Astini sequer constava na lista oficial. E isso mesmo depois de ter conquistado o terceiro lugar tanto na Copa do Mundo de eSports quanto no International 2025, os dois maiores torneios de Dota 2 do planeta. Um cenário impensável para uma premiação que se apresenta como a maior da América Latina.

Após a defesa impecável de NS-ART, o próprio Astini se manifestou. Em seu estilo direto e incisivo, destacou que, se ele mesmo levantasse a questão, seria rapidamente taxado de alguém irrelevante apenas reclamando. Foi necessária a mobilização de outro nome forte da cena para que a incoerência fosse exposta de forma incontestável.

Vale lembrar que o Brasil tem histórico de só valorizar resultados quando há vitória. Foi assim na Fórmula 1 com Ayrton Senna, no tênis com Gustavo Kuerten e recentemente no tênis de mesa com Hugo Calderano. Mas, por algum motivo, o mesmo padrão não parece se aplicar ao Dota 2 e nem ao trabalho de Filipe Astini.

 

Quando a Rivalidade Afeta a Objetividade

Mesmo com resultados inegáveis, algo ainda mais forte que a razão se impõe: a rivalidade entre os jogos. O League of Legends, no Brasil, se consolidou como o MOBA dominante, enquanto o Dota 2 é frequentemente visto como uma opção de nicho e criticado como irrelevante.

Esse embate sem fim nunca terá fim até um dos jogos deixar de existir.
O Dota 2 tem argumentos a seu favor, mas lógica não tem nada a ver com essa discussão. — Imagem: Dota 2, Riot Games e PNG Tree

De um lado, o LoL traz uma base massiva de jogadores, grande popularidade, patrocínios e visibilidade midiática. Do outro, o Dota 2 entrega resultados internacionais consistentes, especialmente com jogadores brasileiros que chegaram ao Top 5 do International 2025.

Astini, sozinho, alcançou o terceiro lugar nos dois maiores campeonatos do cenário mundial de Dota 2 no mesmo ano. Ainda assim, tais conquistas não foram vistas como dignas de atenção pela maior parte da comunidade nacional de eSports.

Histórico de resultados de Astini ao longo de 2025.
A menor premiação da PARIVISION é quase o mesmo que os ganhos do técnico da Liquid no Valorant. — Imagem: Liquipedia

Essa disparidade também aparece no aspecto financeiro. A menor premiação conquistada pela equipe de Astini se aproxima dos ganhos de treinadores de jogos mais populares no Brasil, como Valorant, reforçando ainda mais a impressão da falta de reconhecimento proporcional ao esforço.

 

O Contexto Histórico: LoL x Dota 2

Depois que IceFrog e Pendragon seguiram caminhos diferentes, ficou claro que Dota 2 e League of Legends seriam obras destinadas à rivalidade. Hoje, os dois jogos se tornaram praticamente irreconciliáveis em estilo, público e comunidade.

Resultados do LoL brasileiro.
Tem gente que se irrita quando apontam que o resultado internacional do LoL BR se resume a esse parágrafo. — Imagem: Google

No Brasil, essa rivalidade ganhou contornos de “futebol”: torcidas apaixonadas e discussões polarizadas. A maioria dos profissionais da indústria de eventos optou por ignorar o Dota 2, mesmo quando o jogo oferece conquistas internacionais mais expressivas do que seu concorrente direto.

O Prêmio eSports Brasil e a Inclusão Tardia

Na votação do Prêmio eSports Brasil, a categoria de melhor técnico, por exemplo, não estava disponível para votação pública no momento da produção deste artigo, provavelmente sendo restrita ao júri.

Astini sequer aparece na votação do Prêmio eSports Brasil.
Se o 4analog tiver um votinho, que seja o meu. Joga demais. — Imagem: peb.gg

Por outro lado, alguns jogadores de Dota 2 conseguiram espaço. João Gabriel "4nalog" Giannini foi indicado como Craque Betano e também apareceu ao lado de Matheus "KJ" Santos na categoria de melhores atletas em outros eSports.

O Futuro: Caminho Próprio Para o Dota 2 no Brasil

O caso expõe uma realidade dura: se o Dota 2 quiser ganhar espaço no Brasil, precisará construir seu próprio caminho. Conquistas internacionais como as de Astini não são suficientes para quebrar o monopólio de atenção do LoL e do CS.

Midas ainda vai levar o Brasil pro mundo junto com Astini e NS-ART.
As dificuldades são parte da jornada mas ninguém vai me impedir de acreditar. — Imagem: Facebook (followmidas) e Liquipedia

Astini, agora oficialmente indicado no Prêmio eSports Brasil, segue como uma das vozes mais importantes da comunidade. Ele e NS-ART continuarão fortalecendo a in-house da Midas e incentivando novos talentos. Quem sabe, em um futuro próximo, os dois conseguem montar e manter uma equipe 100% brasileira no cenário profissional internacional.

Encerrando o Assunto

A indicação de Astini ao Prêmio eSports Brasil é mais do que merecida. Ela representa não apenas a luta de um treinador por reconhecimento, mas também a resistência de toda a comunidade brasileira de Dota 2 contra a invisibilidade.

Enquanto o cenário nacional insiste em só olhar para outras modalidades, Astini continua conquistando resultados de peso. E independentemente de prêmios, o Dota 2 segue sendo muito maior do que o espaço que lhe dão no Brasil.

Se você deseja acompanhar de perto a trajetória de Astini e dos jogadores brasileiros no cenário internacional, continue acessando o site oficial do Strafe e também nossos aplicativos para Android e iOS!

Imagem da Capa: Eric de Oliveira

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