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A jornada heróica da Work in Silence: do início repentino à campanha de arrecadação para o Mundial da China

A jornada heróica da Work in Silence: do início repentino à campanha de arrecadação para o Mundial da China

28 May
Andre Guaraldo

O cenário brasileiro de esportes eletrônicos acaba de conquistar mais um feito histórico: a classificação da equipe Work in Silence, integrada por Belky, para o primeiro Mundial de FragPunk, que será realizado na China. Em entrevista exclusiva à Strafe Esports, Belky compartilhou detalhes sobre o jogo, a trajetória do time, desafios superados, a campanha de arrecadação que mobilizou a comunidade e as expectativas para o futuro. O resultado é um retrato autêntico de resiliência, inovação e paixão pelo competitivo nacional.

O que é FragPunk e por que o Mundial importa tanto?

FragPunk é um novo FPS desenvolvido pela Bad Guitar Studio e publicado pela NetEase, mas não se trata de mais um shooter tradicional. Segundo Belky:

“é um FPS um pouco fora do convencional. Eu chamo ele de "Kings League do FPS", porque ele muda as regras, tem essa dinâmica de ser uma quebra do padrão do FPS em si. Tem as cartas que mudam o round, você pode até trocar de bomb, ter cura, aumentar ou diminuir a cabeça de um adversário.”

Essa mecânica inovadora das cartas transforma cada partida em uma experiência imprevisível e estratégica, aproximando-se de um “Yu-Gi-Oh com FPS”. Já falando sobre a classificação para o Mundial na China e sua significância para o Brasil, destaca Belky:

“É mais um FPS que o Brasil pode mostrar que é bom, que tem jogadores bons, que tem um potencial absurdo no FPS. A gente sempre vem batendo mais e mais forte no cenário competitivo de FPS.”

A trajetória da Work in Silence - da surpresa à superação

A história da Work in Silence é marcada por reviravoltas e superação.

“Resiliência seria muito clichê falar, mas uma surpresa para todos. A gente se juntou de uma hora pra outra, eu não competia há três anos, não tinha essa intenção de voltar, estava focado em criação de conteúdo, até indo para outros jogos sem ser FPS. E aí deu aquela chama de novo e eu topei de uma hora” - relembra Belky.

O time foi formado às pressas, sem entrosamento prévio, o que trouxe desafios consideráveis:

“A gente se juntou de última hora, a gente não conhecia o outro nem um pouco, não tinha nenhum entrosamento, então precisou de muita conversa, muito alinhamento do jogo. Eu tenho uma visão de jogo diferente de alguns jogadores, então eu passei um pouco da minha visão de plano de jogo, eles passaram também com a minha visão deles, e tentei adaptar isso da melhor forma possível.”

Formação do time, adaptação dos jogadores e... Otsuka no FragPunk?

A Work in Silence nasceu como uma equipe nova no FragPunk, reunindo jogadores de diferentes trajetórias, alguns vindos do Valorant, outros do CS. A formação foi tão inesperada que, segundo Belky

“um chamou o outro ali, de última hora se completou, a gente ia jogar com o Otsuka, e está aí uma coisa exclusiva, muita gente não sabe disso, o Otsuka ia ser membro do time, ele que ia ser o nosso player, ali, mais de flex, e acabou que não deu (...) a gente chamou outro jogador, não podia também jogar, e a gente, de última hora, chamou o Thzin, que acabou completando para a gente, e virou do time”.

Cada jogador precisou se adaptar rapidamente. Belky buscou entender o perfil de cada um para aplicar isso no servidor:

“Eu tentei conhecer o máximo cada jogador (...) tentei ver o perfil de cada um e aplicar isso no jogo. (...) A gente se entendeu muito bem, esse core, porque são mentes pensantes, falam muito, eu também falo, e a gente começou a debater muito isso, e foi muito fácil alinhar. Apesar de pensamentos diferentes, conseguimos ser muito maduros de escutar um outro”.

A inovação das Cartas de Fragmento e a adaptação tática

O grande diferencial de FragPunk é o sistema de Cartas de Fragmento, que altera radicalmente a dinâmica de cada round. Para Belky, unir fundamentos clássicos de FPS com a criatividade exigida pelo novo jogo é a chave do sucesso:

“O que a gente usou foi o nosso conhecimento de FPS, o que não muda: trade kill, crossfire, conceito de primeiro, segundo, terceiro tempo, camadas, recursos, enfim. A gente vai seguir um FPS básico, vai trabalhar hold, vai trabalhar gatilhos, como responder no mapa, mas com uma pitadinha do FragPunk. Você não pode jogar um FPS desse pensando que é um CS, ou um VALORANT”

A equipe manteve a filosofia de jogo sólida, mas soube explorar as cartas de forma estratégica:

“Abusar das cartas, jogar o FragPunk, que é o FPS que a gente está jogando, mas manter o fundamento do FPS básico que vem ali do CS, e do VALORANT”.

A Campanha de arrecadação para o Mundial da China

A classificação para o Mundial trouxe um desafio extra: os custos da viagem para a China, que não seriam totalmente cobertos pela organização.

“A gente estava com uma negociação acontecendo com outras organizações, gringas, inclusive, mas pela deadline de entregar para o campeonato e pelo fato da EWC acontecer, junto, agora, no mesmo momento, não foi possível fechar.

Vimos também que eles não iam ressarcir [todos os] custos. Se a gente quisesse, por exemplo, ficar mais na Project Room, a gente não ia ter comida. Então, a gente viu que esses custos iam ser relevantes para a gente”.

Com jogadores espalhados pelo Brasil — do interior do Ceará a Brasília e ao Sul — os custos se tornaram ainda mais altos. A solução foi recorrer ao apoio da comunidade, que respondeu de forma impressionante:

“Gaças a Deus, a gente já está batendo 20% da meta, se não me engano. Não, passamos de 30% da meta já. Toda a comunidade ajudando. Então, é incrível como a comunidade abraçou, como estão ajudando."

Lembrou do apoio do pai do jogador de Valorant Arthur "artzin" Araujo também:

O pai do Artzin, né? Ele simplesmente disponibilizou um [Mouse] Pad assinado pela MiBR inteira, a Line, para a gente sortear para a galera. Agradecer aqui de novo. Então, acho que foi muito da hora. 

Belky faz questão de agradecer a todos que contribuíram, independentemente do valor, e garante que qualquer valor excedente será revertido para o time:

“Se o valor passar da meta que a gente botou, a gente vai tentar comprar equipamento, tentar sortear para a galera, alguma coisa lá na China. (...) Criar para a comunidade um sorteio. [E] se o jogo continuar para frente, investir no time. A gente queria fazer blusa, contratar um analista. Então tudo vai ser investido para o time”.

Preparação e análise dos adversários internacionais

A preparação para o Mundial envolve estudo intenso dos adversários e muitos treinos. Belky destaca que o diferencial brasileiro está na compreensão e reação ao mapa:

“A principal diferença entre os times brasileiros e outras regiões é que, até os times brasileiros que não classificaram, têm muito bem definido [conceitos de estratégia do FragPunk]. Então, eu arrisco dizer que a região do Brasil é uma das melhores na questão de times. Não estou falando que o nosso time é melhor que os outros internacionais, mas os nossos treinos, que a gente treinou com França, Alemanha, Estados Unidos... quando a gente treina com times brasileiros, é muito [melhor]... eles entendem muito bem o mapa, sabe?".

O estudo dos adversários não para:

“A gente está estudando, vendo os caras, treinando contra, vendo o campeonato, como é que foi o qualify deles. Eu mesmo sou um cara muito chato. Eu até me acho insuportável, porque a gente vê cada coisa, anota o gatilho, faz protocolo. Vemos como é que eles jogam... um certo padrão".

O papel da comunidade e o futuro do FragPunk

Além das doações, Belky ressalta a importância do apoio da comunidade de todas as formas:

“Seja compartilhando o campeonato, comentando, dando apoio... Toda a energia positiva eu acho que é válida. Seja assistindo à watchparty do TCK que, inclusive, vai estar na China nesse campeonato. Quem gostou um pouco do jogo, joga ele, testa, vê se você vai gostar. É um jogo que é rápido. Até para o cara casual, é um jogo que é fácil de acesso a jogar o seu dia, porque são seis rounds. Então, isso facilita muito do cara poder jogar a qualquer hora do dia”.

Sobre o potencial do FragPunk como esporte eletrônico, Belky é realista, mas otimista:

“Ele está concorrendo só com a nata. Concorrendo diretamente com o Rainbow Six, Valorant e CS. Só cachorro grande, né? E acho que é questão de tempo, sabe? Não tem garantia que o jogo vai hypar, explodir. Não tem como saber o futuro. Mas é uma possibilidade. O principal fator para um jogo ter jogadores é ter organizações naquele jogo. Esse [mundial] é o primeiro. Isso foi muito bom, porque qual o jogo que faz mundial de primeira? São pouquíssimos!”

Impacto da classificação e perspectivas pós-Mundial

A classificação brasileira pode ser um divisor de águas para o FragPunk no país:

“A gente tem a possibilidade de ganhar ou de perder um campeonato. O competitivo se trata disso, de ganhar e perder. A gente quer muito ganhar, a gente está lutando para isso, treinando para isso, se dedicando, fazendo a meta [de arrecadação] para a gente poder focar só no jogo, não ter preocupações externas ali. Eu quero ser campeão, mas se a gente chegar no top 2, top 3, a visibilidade já aumenta automaticamente”.

O sucesso pode atrair patrocínios e consolidar o time:

“O sucesso do Mundial atrai patrocínios, marcas. Essa nossa parceria pode trazer muito valor para a gente, fechar com possíveis organizações... chegou quase a fechar, mas pela questão da EWC e a deadline do campeonato não foi possível. E a gente [vai] continuar, o céu é o limite, né? A gente vai tentar ao máximo fechar parcerias, procurar o melhor possível, que seja para ambos os lados”.

Hora de apoiar a Work in Silence!

A jornada da Work in Silence, que tem em Belky uma das principais lideranças, é um exemplo de como paixão, resiliência e apoio comunitário podem transformar desafios em conquistas históricas. O Mundial de FragPunk na China será palco não só de uma disputa esportiva, mas de uma afirmação do potencial brasileiro em novos cenários competitivos. Como Belky finaliza:

“Só tenho a agradecer, fantástico, toda a comunidade, e aguardem, o campeonato vai acontecer do dia 5 ao dia 7, daremos o nosso melhor. Tamo junto”.

Créditos da imagem em destaque: Ying Ying

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